Caminhando pelas bonitas ruas de Montevidéu é difícil imaginar que nessa cidade há uma quase liberação do uso da maconha. Em qualquer bairro de uma capital brasileira pode-se sentir mais cheiro da erva do que nas da capital uruguaia.
Mas é só ligar a TV e é bem provável que você sintonize um programa onde está sendo discutida a polêmica lei promulgada pelo ex-presidente José “Pepe” Mujica em maio de 2014.
Com o impulso inicial do próprio Mujica – e na contramão da opinião pública, que em um percentual de aproximadamente 60%, via com uma certa resistência a legalização dessa prática – e a aprovação por parte da Câmara dos Deputados e a dos Senadores, pouco a pouco a população uruguaia passou a conviver com menores índices de violência em geral e taxa zero para violência relacionada à maconha.
O objetivo explícito para a implementação dessa lei foi o de combater o tráfico, tirando dele sua maior fonte de lucro e, mas do que qualquer outra coisa, afastando o consumidor da teia do delito, oferecendo um produto de qualidade certificada pelo próprio estado. Sem esquecer que aquele montante que não vai mais para o crime organizado transforma-se em arrecadação para ser investida em educação, saúde e repressão aos crimes verdadeiramente violentos.
Nas entrevistas que tivemos oportunidade de assistir, foi possível ver que a maior parte das pessoas hoje, com restrições ou sem elas, apóia a medida. Senhoras idosas, empresários apressados, jovens estudantes, são quase unânimes em afirmar que não houve praticamente qualquer mudança negativa.
Não houve um aumento do consumo que escapasse da curva, não houve aumento da criminalidade nem dos acidentes de trânsito, não houve intoxicações, overdoses ou problemas sanitários que chamassem a atenção.
Por enquanto o acesso à erva é apenas através do cultivo individual ou em clubes com até 45 pessoas que podem plantar um máximo de 99 plantas fêmeas, que são as que produzem o princípio ativo psicotrópico. A venda ao público ainda está pendente e espera-se que até fins de agosto esteja disponível para a venda em farmácias registradas.
Mas, para o visitante mais curioso não será difícil encontrar uma growshop, lojas que vendem todo tipo de insumos e implementos para o cultivo indoor da cannabis. Eles, como mostra nossa foto de capa, também não vendem “marihuana” (por enquanto), no entanto são aponta visível dessa revolução do bem que está acontecendo no país vizinho.
Leia o próximo post: O que é uma grow?