Quem se aventurar nas inúmeras galerias que povoam a Avenida 18 de Julio, principal artéria da capital uruguaia, encontrará certas lojas de aparência alternativa, cuja identidade visual, quase sempre, inclui a tradicional folha de cinco pontas.
São as growshops ou, como os uruguaios preferem chamar, apenas “grow”.
As suas vitrines exibem desde cachimbos e pipas d’água até embalagens de fertilizantes importados, lâmpadas de alta potência e refletores com ventilação incluída. Toda esta sofisticação ao serviço do cultivo da famosa cannabis.
Os atendentes, geralmente os próprios donos, são extremamente amáveis e muito bem informados. Com eles podemos aprender quais as variedades da maconha mais facilmente adaptáveis ao clima frio do sul da América, qual o barato de cada espécie, os tipos de semente e, inclusive, referências à aplicação da lei para quem quiser iniciar sua plantação indoor.
Porque a coisa não é tão simples assim.
A lei 19.172, (Marihuana y sus Derivados. Control y Regulación del Estado de la Importación, Producción, Adquisición, Almacenamiento, Comercialización y Distribución), estabelece que, para possuir plantas de cannabis, o proprietário deve estar devidamente registrado junto aos órgãos competentes:
[Tratándose específicamente de cannabis, las plantaciones o cultivos deberán ser autorizados previamente por el Instituto de Regulación y Control de Cannabis (IRCCA)…]
As próprias growshops intermedeiam este tramite burocrático, quer dizer: você pode entrar na growshop, escolher uma, digamos, Jamaican Pearl ou uma White Widow ou a outra variedade de cannabis que mais e melhor faz a sua cabeça, comprar as sementes e insumos necessários, se registrar no IRCCA e sair daí totalmente em concordância com a lei, sem a mítica paranoia maconheira.
O Governo uruguaio, por intermédio do Instituto (IRCCA), da Junta Nacional de Drogas e do Poder Legislativo, patrocinam no Parque de Exposiciones del Laboratorio Tecnológico del Uruguay (LATU) – uma espécie de FIESP ou FIERGS no Sul -, a EXPOCANNABIS URUGUAY, uma mostra que pretende, mostrando os diversos usos da planta, medicinais, industriais e alimentícios, desmistificar a cannabis como um vegetal perigoso e, ao mesmo tempo, desestigmatizar aos usuários promovendo informação e contato com todos os setores da sociedade que se beneficiam com o seu cultivo.
As growshops são, sem dúvida, presença constante nestes eventos que, no ano passado, na sua segunda edição, reuniu personalidades da indústria, do comércio, da política, das ciências e das artes.