Que são os tricomas?
Os tricomas, cujo nome provém do grego trichos (pelo) e o sufixo ma, conformando trichoma (cabeleira ou barba espessa), podem ser definidos como apêndices que aparecem na epiderme de algumas plantas e que tem como principal funcão a proteção da planta, especialmente do material genêtico, flores e sementes.
O tamanho é quase microscópico e, quando do seu surgimento, aparecem como cabelinhos que cobrem as flores e as folhas mais próximas a elas, de onde deriva, então, o seu nome. Tem cheiro forte e são responsáveis por aquele tato pegajoso que fica nos dedos quando se manipula a cannabis.
A maior parte dos mesmos é portador de diversos tipos de substâncias, entre elas os terpenos, flavonoides e, no caso que nos interessa, os cannabinoides, THC, CBD, CBG e CBC, todas elas envolvidas, de alguma maneira, nessa função protetora.
Podemos dizer então que os tricomas são pequenas fábricas inteiramente dedicadas à produção de cannabinoides y terpenos. A potência, o aroma e o sabor do produto final estão diretamente relacionados à intensidade e condições do trabalho deles.
Como funciona a defesa da planta nos tricomas?
Nas plantas em geral e dependendo do tipo de tricoma encontramos diferentes tipos de proteção.
Tricomas Tectores – são os únicos que não tem qualquer tipo de secreção. Funcionam mais como um escudo contra o excesso de luz e calor prevenindo a evaporação.
Tricomas Secretores – se caracterizam por secretar substâncias sempre direcionadas à proteção da transmisão genética. Podem ser substâncias urticantes que repelem os possíveis predadores pela dor, substâncias que atraem e prendem a presa e, inclusive, facilitam a digestão, no caso das plantas carnívoras. Tem outro tipo de tricomas glandulares que produzem cheiros – através dos terpenos – que atraem agentes polinizadores, etc.
Tricomas peltados – absorvem água da atmosfera.
Vesículas aquiferas – são tricomas que acumulam água.
Pelos radiciais – é um tipo de tricoma específico das raizes.
No caso específico da cannabis fêmea encontramos cinco tipos de tricomas:
- Tectores – Já comentados acima.
- Cistolíticos (não glandulares), encarregados de diminuir a ação de predadores.
- Bulbosos, são microscópicos e, em geral, cobrem toda a superfície das folhas e flores e servem para alertar a planta de que apareceram insetos na folhagem.
- Capitados Sésseis. São maiores e mais volumosos que os tricomas bulbosos e protegem o tecido da planta contra predadores.
- Capitados Pedunculados, aparecem em quantidade na flor e nas pequenas folhas que a circundam, conformando uma barreira física contra pequenos insetos fitófagos e fornecendo proteção contra vento e calor excessivos.
Fatores ambientais como a quantidade e qualidade da luz, temperatura, humidade e a genética da planta de cannabis estão entre os principais determinantes da taxa a que os tricomas serão produzidos. A intensidade dos raios ultravioletas é também um fator importante na produção destas formações.
A partir do momento em que as sementes estão formadas a planta já não precisa de tanta proteção e a produção de tricomas, e das secreções que guarda em seu interior, diminui.
É por esta razão que os modernos cultivadores procuram evitar a polinização, o famoso “sinsemilla” (sem semente), já que desta maneira a planta não produz sementes e, em consequência, prolonga-se o período de desenvolvimento de tricomas e seus cannabinoides, aumentando também a sua concentração. Para isso passado período vegetativo, quando as plantas são induzidas à floração, uma vez identificadas, as plantas machos são eliminadas.
Assim como os cannabinoides são os responsáveis pelos efeitos medicinais ou psicoativos da cannabis, os terpenos são os que dão as características aromáticas e de sabor de cada variedad de maconha.
Os tricomas como forma de determinar quando colher.
Os tricomas tem um ciclo de vida e o momento deste ciclo em que se encontram pode determinar a qualidade e o tipo de efeito da maconha.
No início do seu desenvolvimento o tricoma é apenas um pontinho na superficie da folha e das pétalas da flor. A medida que o tempo passa vai crescendo, se enchendo de terpenos e cannabinoides e tomando a sua forma característica de cogumelo, sua superfície vai ficando cada vez mais resinosa e pegajosa ao tato.
A cor destes tricomas, ainda imaturos, é cristalina e brilhante.
Com o passar dos dias eles vão ficando menos transparentes, esbranquiçados, como consequência da oxidação e da concentração das substãncias.
Este processo continua até que em determinado momento as cabeças dos tricomas começam a ficar ambarinos, quer dizer, de uma cor âmbar, um laranja escuro, translúcido. Isto é consequência da degradação das substâncias internas que, pela oxidação, vai convertendo o THC em CBD.
É o momento da colheita.
Quando entre 10% e 30% dos tricomas apresenta essa cor âmbar estamos no momento ótimo para colher o fruto de nosso trabalho.
Se colhermos antes teremos interrompido o processo antes de obter a maior concentração de THC que potencialmente a nossa planta poderia alcançar.
Se colhemos depois, corremos o risco de termos produzido uma maconha altamente medicinal e narcótica que, ao ser fumada, vai dar aquela bobeira e aquele sono que conhecemos.
Eventualmente, pode ser esta a intenção: produzir uma maconha altamente relaxante e boa para induzir o sono… mas temos certeza de que a maior parte dos leitores vai preferir colher naquele momento de maior concentração de THC.